“Ficar” é a opção?

Publicado por: Paróquia São Marcos

”Ficar” pode significar ter um namorico com uma pessoa sem nenhum compromisso. É uma atitude típica de pessoas superficiais, lights, que não aprenderam a amar. Ficar não é tão livre quanto parece, porque também tem suas regras:
• Não existe a obrigação de fazer ligações telefônicas
• Ciúmes? Nem pensar!
• Não existe compromisso
• Proibido pedir e prestar contas, além de questionar o outro.
• Não esperar nada do outro, exceto o prazer de viver o momento• Não pode haver um projeto comum, nem planos para o futuro
• O que não se diz, porque é um tabu, é: “A gente se curte, mas não se ama, somente usa um ao outro”.
• Existe plena liberdade para sair com outros parceiros ou parceiras
• Cada um poderá, além do mais, ter um namorado ou namorada, sem que isso seja um obstáculo para “ficar”
• Nessa relação se impõe o instinto, a atração, e não a generosidade, nem o sacrifício.

Karla dizia: “Para que ter um só, se eu posso ter quase todos?”. O que ela propõe é que a mulher seja acessível a todos, e não percebe que isso pode levar a uma escravidão, ou seja, ser dependente do sexo. Esquece que faz parte da dinâmica do amor desejar o que é definitivo.

Outros entendem que “ficar” é ir para a cama somente para se conhecer, mas isso não vamos tratar aqui, por ser uma triste perversão.

No namoro sem compromisso, a pessoa foge do risco, o que equivale a dizer que “tem medo da liberdade”. Nesse caso, o ser humano prefere ser objeto receptor de propaganda a ser fator individual de pensamento crítico.

Muitos jovens amam a liberdade e nem sequer sabem o que ela significa. O que é a liberdade? A liberdade é a propriedade espiritual que todos os seres humanos têm de escolher, de realizar a escolha de sua vida, que é a escolha de sua finalidade (Cornelio Fabro). A liberdade nos aperfeiçoa ou nos faz escravos: depende do que vamos escolher. O homem não vale pelo que tem, ou pelo que é, mas pelo que decide.

A libertinagem contribui para eclipsar o valor da vida humana, é a liberdade entendida como a capacidade de fazer o que cada um desejar, movido por seu próprio interesse, iniciando dessa maneira, a nova cultura de um individualismo egoísta, que não deve prestar contas de seus atos a ninguém.

A causa de que exista liberdade não reside na consciência que eu tenha dela. Pelo contrário, tenho consciência de minha liberdade porque sou livre. O homem não é livre porque possa abrir mão de suas ataduras, mas porque pode decidir a que tipos de vínculos quer ficar atado. Também não será mais livre se as ataduras forem menores. A liberdade é proporcional à profundidade dos projetos com os quais estiver vinculada; a liberdade chega ao fundo quando chega a nosso próprio ser.

Para entender bem a essência da liberdade, devemos evitar os extremos do movimento pendular: em um extremo se confere primazia à libertação sobre o projeto, em outro, a primazia é dada ao projeto, acima de nossa própria natureza.

Dizia-me uma garota de 17 anos: “Por agora, tenho medo de me casar e de que meu marido não me deixe trabalhar nem desenvolver a minha profissão. Como faço para conhecer bem as pessoas?”.