A Natividade de Nossa Senhora

Publicado por: Paróquia São Marcos

“A grandeza da santidade de Maria provém das graças abundantes com que Deus A enriqueceu desde o princípio, e de Sua admirável correspondência”. (Santo Afonso de Liguori, glórias de Maria Santíssima).

A Natividade, ou seja, o glorioso nascimento da Bem-aventurada Virgem Maria é comemorada há muito tempo. Foi no século VII que surgiu a festa. O papa Sérgio I (687-701) prescreveu para o dia de Sua celebração uma procissão de rogações. Como é sabido, Ela é a digníssima Padroeira de Curitiba tão decantada hoje no Brasil, apesar das inclemências variações de temperatura. Recebeu o nome de Nossa Senhora da Luz, título vindo de Portugal, cujo histórico vem sendo publicado. Quando Sant’Ana deu à luz a Virgem concebida sem pecado original, nascia a privilegiada Mãe do Redentor, motivo de alegria para a humanidade: consta, segundo uma revelação que está publicada em livro e merece crédito, que o demônio, enfurecido, fez explodir sua raiva e despeito, no jardim da casa de São Joaquim: “uma mulher esmagará a cabeça”. (Gen. 3).

A Virgem viu a luz do Mundo criança em idade, porém riquíssima de merecimentos e virtudes. E a essa grandeza de graças, Maria correspondeu com fidelidade. Exemplo para nós que muitas vezes, dispersamos o capital de graças que Deus nos concede. Os Apóstolos atenderam prontamente o chamado: “Vem e segue-me”. Todos felizes na Eternidade, à exceção de Judas o traidor, que desprezou a graça e... “Melhor fora que não houvesse nascido”. E o moço riquíssimo do Evangelho, que, por ser apegado à riqueza, desprezou o chamado de Cristo, para a felicidade eterna.

Maria a primeira discípula de Cristo, nosso modelo, foi fidelíssima em correspondência à graça. Sua alma foi a mais bela que Deus criou. Ela é obra prima de Deus. Mas sempre com uma profunda humildade, como se vê no célebre Magnificat: “Deus se dignou olhar para a baixeza de Sua serva, por isso todas as gerações me chamarão bem-aventurada”. (Lc 1,48).

O grande mariólogo São Bernardo – autor do “Lembrai-vos é piíssima Virgem Maria” destaca a profundíssima humildade do Imaculado Coração de Maria, que encantou Deus (Homilias sobre 1ª Santíssima Virgem Maria (Cursos de Cultura Católica Buenos Aires, 1941)).

Santo Afonso de Liguori nos diz que: “A graça que adornou a SSma. Virgem sobrepujou, não só a cada um em particular, mas a de todos os santos reunidos, como prova o doutíssimo Padre Francisco Pepe, jesuíta, em sua bela obra das Grandezas de Jesus e Maria”. Nela, afirma que essa tão gloriosa opinião para a nossa Rainha é hoje em dia comum e certa entre os teólogos modernos, como Cartágena, Suarez, Spinelli, Recupito, Guerra e outros. Todos examinaram a questão ex-professo, coisa que não haviam feito os doutores antigos. Conta Pepe que a Mãe de Deus agradeceu a Suarez por meio do padre Gutierrez, o haver defendido com tanto valor essa probabilíssima sentença. (pg 209, Glórias de Maria, 6ª Ed.). Essa opinião foi sustentada, também, pela Escola de Salamanca. Portanto, conclui Santo Afonso, provável é que “Maria, desde o primeiro instante de Sua Conceição Imaculada, recebeu uma graça superiora a de todos os anjos e santos juntos. “Mas, por quê? Por ter sida eleita para Mãe do Verbo Divino. Em face de Sua predestinação para ser a Mãe de Deus que, inclusive, fê-la Imaculada, é claro. A dignidade de Mãe de Deus pertence à ordem da união hipostática, isto é, à união do Verbo Divino com a natureza humana.

São Tomas ensina que a cada um dá o Senhor graça proporcionada à dignidade a que o destina... A SSma Virgem foi escolhida para ser a Mãe de Deus e para tanto o Altíssimo capacitou-a certamente com Sua graça. Antes de ser Mãe foi Maria, por conseguinte. Adornada de uma santidade perfeita, que A pôs à altura dessa grande dignidade.

Por isso sentencia São Bernardo: “Não convinha a Deus outra Mãe que não Maria, e a Virgem Maria não convinha outro filho senão Deus”. (Apud São Afonso, pg. 211). Outra razão dessa grandeza temo-la na missão confiada a Maria, desde o Seu nascimento, de Medianeira dos homens, que reclamava um cabedal de graças maior que o concebido a todos os homens, santos e anjos. Obviamente só Jesus é o nosso Medianeiro por mérito de justiça e de condigno. Maria, ao contrário a Medianeira por simples intercessão ou mérito “de côngruo”, e que ofereceu Seus méritos pela salvação dos homens aceitos por Deus, simultaneamente como de Jesus. E, assim, ambos provaram um amor por nós.

Maria concebeu do Espírito Santo (Lc 1, 35) e, imediatamente fez a penosa e apressada viagem para socorrer a prima Isabel, quando já exerceu a função de Medianeira, santificando São João Batista nas Bodas de Caná. Ela intercedeu pelo casal embaraçado e conseguiu de Jesus – “Não tem mais vinho”! O primeiro milagre na ordem natural. Portanto, nosso argumento é bíblico, provando a mediação da Virgem Maria, cuja grande fidelidade na pronta cooperação com a graça merece atenção e imitação.

A Maria e a Jesus foi dada abundância de graças em nosso benefício. Oportuno lembrar que grande graça recebeu o venerável Antonio Frederico Ozanam, professor Catedrático por concurso da Sorbone, fundador das SSPV (Vicentinos), levado para Jerusalém Celeste no dia da Natividade – 08/09.

Benedito Felipe Rauen
Congregado Mariano e membro da Academia Maria de Aparecida.