A Imaculada Conceição

Publicado por: Paróquia São Marcos

Mais uma vez celebramos a importante Festa da Imaculada Conceição que, como é sabido significa que a Virgem Maria foi concebida sem pecado original, por um especial privilégio de Deus, que a predestinada para ser Sua Mãe, a célebre Teotokos (Mãe de Deus), conforme o Evangelho (Lc 1,35 e 43).

O grande Paul Claudel a exaltava: “Nada dizer, cantar somente... porque sois bela, porque imaculada, a mulher na Graça por fim restituída, a criatura na sua dignidade primitiva e no seu desabrochamento final, tal como Ela saiu de Deus, na aurora do Seu esplendor original, inefavelmente intacta”.

Todos nós, filhos de Adão e Eva, somos concebidos e nascemos privados da mesma graça que jamais faltou em Maria a “Cheia de Graça”. Após muitos estudos, congressos, teses mariológicas e teológicas, ouvido o Episcopal mundial, refletindo a “Vox populi, Vox Dei”, Pio IX decretou o privilégio da Imaculada Conceição na Bula Ineffabilis, agora dogma de fé: para a honra da santa e indivisível Trindade, para glória e brilho da Virgem, Mãe de Deus, para a exaltação da fé católica e aumento da religião cristã, pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e Nossa Senhora, declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que ensina que a Bem-aventurada Virgem Maria foi, no primeiro momento de Sua Conceição, por uma graça e um privilégio singular de Deus Todo-poderoso, e em vista dos méritos de Jesus Cristo, salvador do gênero humano, preservada e isenta de toda a mancha do pecado original, é revelada por Deus e, por conseguinte, deve ser firme e constantemente acreditada por todos os fiéis.

Para nós católicos não há nenhuma dificuldade, pois, como diz o Cardeal J. S. Suenens: “esta isenção do pecado original, própria de Maria, é exclusivamente devida à sua qualidade de Mãe de Deus. O título é incomunicável e, esta glória não pode ser partilhada. Para Ela, Deus suspendeu milagrosamente o contágio hereditário da falta original, e isso se deu em vista d’Aquele que deveria nascer Dela. A santidade do Filho é a causa da santificação antecipada da Mãe, como o sol ilumina o céu mesmo antes de surgir no horizonte”. (Maria Advogada Nossa pg 25). E citando Bernanos, que exalta essa pureza fundamental.

“A virgem era a inocência”. Diga-me o que somos nós para Ela, nós da raça humana? Sim, naturalmente detesta o pecado, mas, afinal, Ela não tem nenhuma experiência que não faltou os maiores santos, nem mesmo ao de Assis, embora seráfico.

O olhar da Virgem é o único olhar verdadeiramente infantil, o único olhar de criança que jamais se ergueu sobre nossa vergonha de nossa desgraça. Sim, meu caro, para invocá-La bem, é preciso sentir sobre si este olhar... de terna compaixão de surpresa dolorosa”.

E Santo Agostinho: “Para honra do Senhor, não quero mais absolutamente que seja questão de Maria, quando se trata de pecado”. E, Pio IX: “Desde o princípio e antes de todos os séculos Deus escolheu e preparou, para Seu Filho único, a Mãe em quem Ele se encarnaria e da qual nasceu”. (Bula In Deus).

Sabiamente sintetizou o abalizado teólogo franciscano Dum Scotto: “Deus quis, podia e fez! Porque para Deus nada é impossível”. (Lc 1,34).

Devoção no Brasil

Herdamos dos nossos prezados descobridores essa devoção que, antes da definição do dogma, era profunda em Portugal. Na Universidade de Coimbra, os bacharéis juraram defender o privilégio da Virgem, e Dom João IV consagrou o Reino Unido, e, portanto, o Brasil Colônia em 1616, à Imaculada Conceição. Dom Pedro I, logo após ter proclamado a nossa Independência no Ipiranga, como Ato Régio em 8 de setembro (Natividade) de 1822, consagrou o Brasil à Imaculada. Em 12 de outubro de 1717 os pescadores tiraram do Rio Paraíba a milagrosa Nossa Senhora da Conceição Aparecida, nossa Padroeira tão querida. E no Congresso de História de Campinas, por ocasião do Sesquicentenário de nossa Independência, ficou confirmado que Dom Pedro I fora rezar na então Capela de Senhora Aparecida, pedindo ajuda para a delicada situação do Brasil.

Mantenhamos, pois, essa salutar tradição, sobretudo na hora presente, tão conturbada. E quando Deus parece estar tão descontente com esse “País sem terremotos”, privilegiado, mas rebelde, que já está sendo vítima de terremotos tão tristes e lamentáveis.

Dia da Imaculada, Dia da Justiça, Dia da Família. Todos nós com nossas homenagens ao Egrégio Poder Judiciário, precisamos nos voltar para Deus, e recordar o ensinamento atual, do grande mestre Ruy Barbosa, que se afinava com o Divino Mestre: “Não há justiça sem Deus”.

“Parabéns os que veneram a Medalha Milagrosa, na qual a Virgem gravou a jaculatória: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”.

O nosso Povo cantava esta quadrinha: “Antes mesmo de estar definida esta crença já o Brasil professou nosso povo em Igreja ou ermida, sempre a Virgem sem mancha louvou: “Foi em 25 de março (Anunciação) foi que Nossa Senhora declarou à Santa Bernadete: “Eu sou a Imaculada Conceição”. E assim rebateu o racionalismo do século XIX sendo notável a conversão do cientista e médico francês Dr. Alex Carrel, que em Lourdes um estupendo milagre, publicado em seu livro sobre os milagres de Lourdes. Confiemos e rezemos pelo nosso querido Brasil, principalmente o Terço meditado com os mistérios.