À Espera do Natal

Sabeis em que momento estamos: Já é hora de despertardes do sono. Agora, a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé. A noite está quase passando, o dia vem chegando: abandonemos as obras das trevas e vistamos as armas da luz. Procedamos honestamente, como em pleno dia: nada de glutonarias e bebedeiras, nada de orgias e imoralidades, nem de contendas e rivalidades. Pelo contrário, revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não atendais aos desejos e paixões da vida carnal.

O tempo do Advento prepara o povo de Deus para a celebração da vinda do Senhor. Podemos falar em três modos de sua vinda: o primeiro, chamado “histórico”. Assumindo nossa fragilidade, Jesus se fez um de nós. Nesta perspectiva celebramos no Natal. O segundo modo remete ao futuro, quando Ele voltará para estabelecer definitivamente o Reino de Deus. Nesse sentido, aclamamos em cada missa: “Vinde, Senhor Jesus!”, ou: “Venha a nós o vosso Reino”. Existe um terceiro modo: a terceira vinda do Senhor é aquela que acontece hoje, em nossos dias. Tal vinda se realiza na celebração, quando Ele nos reúne em assembléia, nos fala nas Escrituras, parte para nós o pão e dá-nos de beber do seu cálice. Acontece também quando abrimos nossos olhos para perceber sua presença nos irmãos e irmãs que sofrem e batem à nossa porta. Também quando desanimamos sob o peso da cruz. Então Ele se aproxima como um desconhecido, e nos faz prosseguir. Nesse momento o Senhor alimenta nossa fé, nutre nossa esperança, acende em nosso coração a chama do amor. Ele nos faz recordar a vida.

Sim, o Senhor veio, o Senhor vem, o Senhor virá! Vamos abrir nossos olhos, pratiquemos o bem, guardemos nossa fé. Assim como o ímã atrai o metal e o frescor da noite faz exalar o perfume das flores, nossas boas obras e nossa boa conduta apressam Sua vinda. Assim nós, vigilantes, atraímos Aquele que desejamos.

PARA APROFUNDAR O QUE CELEBRAMOS: O Advento é o primeiro tempo do ano litúrgico. Divide-se em duas partes: Advento escatológico e Advento histórico. A primeira parte nos faz abrir os olhos e o coração para a segunda vinda do Senhor. A segunda parte nos prepara para a festa do Natal. Em ambas celebramos aquela vinda que se realiza na celebração e no cotidiano.

Outro momento importante do tempo do Advento é a novena do Natal. Nos nove dias que antecedem as festas natalinas, nos preparamos com a oração e com a escuta da palavra de Deus para bem celebrarmos o mistério da Encarnação do Verbo.

Mas a espera pela vinda do Senhor não se celebra apenas no Advento. A eucaristia é o sacramento da espera. Em qualquer tempo Ele vem...

A cor dos paramentos litúrgicos no Advento é o roxo. A Igreja no Brasil propõe o violáceo para diferenciar da Quaresma, que também utiliza o roxo nos paramentos. O espaço celebrativo também sofre modificações: é a chamada reserva simbólica. Significa que vamos reservar todos os elementos festivos para o dia do Natal. Usamos moderados arranjos florais, ou até mesmo os dispensamos. A liturgia também reserva o hino de louvor “Glória a Deus” para o dia do Natal. Um precioso símbolo deste tempo é a coroa do Advento. Ela traz a forma circular para nos recordar a eternidade que visita o nosso tempo, além da Aliança que contraímos com Deus. Quatro velas recordam os quatro domingos que acendem em nossos corações o espírito de vigilância. O verde dos pinheiros recordam a esperança cristã, que permanece sempre viva na comunidade de fé.

No terceiro domingo do Advento, os símbolos evidenciam os sinais de alegria. Algumas flores a mais demonstram a proximidade das festas natalinas. Os santos entoam o transbordamento do coração e a oração se intensifica para nutrir a paciente espera.

Na novena de Natal (Liturgia das horas e Ofício divino das comunidades) encontramos as famosas Antífonas do Ó. São antigas composições que introduzem o canto de Maria. Com o “Ó” de admiração, seguido de um título dado a Cristo, aclama-se o Salvador que vem ao encontro do seu povo. Neste domingo é acesa a terceira vela do Advento para manifestar a intensidade da vigilância e da espera pela vinda do Senhor. Na verdade, é o coração da comunidade que fica aceso e que podemos contemplar na coroa do Advento.

O último domingo do Advento nos aproxima mais e mais do Natal. Já celebramos de algum modo a Encarnação em segredo no ventre da jovem mãe. A Igreja também está grávida. Em seu seio ela traz o Cristo Palavra e Eucaristia. Ela agora gera para a eternidade os novos filhos para Deus, que à semelhança de Jesus buscam cumprir a vontade do Pai, anunciando o Reino e o amor de Deus.

O anúncio do anjo a Maria nos faz contemplar aquilo que nós mesmos experimentamos quando somos saudados no início da celebração: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”. Como Maria, que bendiz a Deus em seu cântico, também respondemos a esta saudação: “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!”.

ORAÇÃO

Amado Senhor, tua luz já se levanta em nosso horizonte. A natureza já desperta de seu sono: canta o galo a chegada da aurora, brilha o orvalho como cristal em meio à relva, e a terra exala seu perfume. Toda a natureza clama: “O noivo está chegando, vão ao seu encontro!”. Ao que respondemos: Vem, Senhor, nós te esperamos! Vem, Senhor, não demores! Nossas lâmpadas acesas não serão mais necessárias quando tua luz clarear nossa noite...

TAREFAS

- Ainda há tempo para buscar o sacramento da reconciliação a fim de celebrar o natal com o coração preparado.

- É também momento de prepara o Natal em casa. É fundamental não pensar apenas em presentes, mas também na confraternização da noite de véspera, no estímulo para que todos participem da missa de Natal, na preparação de uma oração para ser feita em família.

- Não nos esqueçamos dos pobres em toda esta preparação, sobretudo das crianças e doentes que não têm como celebrar em casa este momento. Que tal se cada família adotasse uma pessoa necessitada para a noite de Natal?