. Na pessoa dos Pobres e dos doentes, ainda que sejam os mais repugnantes, devemos ver a pessoa de Jesus Cristo e servi-la com fé, vencendo todo nojo. Se nos encontrássemos naquelas condições tão tristes, gostaríamos de ser rejeitados? E se o nosso pai ou um querido irmão se encontrassem naquelas condições, ou nossa mãe ou uma querida irmã, deixariamo-nos vencer pela repugnância? Teríamos coragem de deixar definhar e perecer os nossos queridos naquelas misérias por temor de sujar nossas mãos?... Se caísse numa fossa imunda uma jóia nossa de ouro maciço, cheia de brilhantes, para não nos incomodar em limpá-la resignaríamo-nos a perdê-la ou a não mais usá-la? E se víssemos uma sagrada imagem no meio das imundícies, não seria o nosso dever tirá-la daquela sujeira e limpá-la? O Pobrezinho, quem quer que seja ele, por mais sujo e nojento, totalmente reduzido a uma chaga e a um cúmulo de misérias, é sempre a imagem de Jesus, carregado dos nossos pecados, igual a um leproso, espancado, flagelado, crucificado por nós, e que por nós quer ser servido na pessoa dos Pobrezinhos e considera feito ou negado a si aquilo que fazemos ou negamos ao Pobre. Quando somos animados de fé viva, o amor que inflama o coração, o zelo que afervora a alma, faz-nos considerar leves e suaves os sacrifícios mais repugnantes.
O Bocado Espiritual