O mês milagroso de São José

Publicado por: Paróquia São Marcos

A Igreja comemora solenemente a festa de São José, o casto esposo da Mãe de Deus e pai putativo, de criação ou legal do Menino Deus. Mateus e Lucas mencionam discretamente São José em afirmações singelas que, todavia, enceram riquezas extraordinárias, glorificando o santo. A Sagrada Escritura nos rasga horizontes ilimitados sobre ele. Patrono Universal da Igreja, intimamente ligado a Deus, feito Homem e à Maria Virgem, que milagrosamente concebeu do Espírito Santo. Virgem antes, durante e depois do parto. São José é o esposo de Maria Virgem (Mt 1,19) e Maria é a Mãe de Jesus (Lc 2,5). Mas aos olhos dos contemporâneos, que ignoravam o misterioso segredo da Encarnação do Verbo, José era considerado pai de Jesus, Filho do Pai Eterno, concebido do Espírito Santo por Maria, sem intervenção humana ou de José. Mas o povo o ignorava e quando Jesus admirava a todos com os seus milagres e sabedoria, exclamavam: “Não é este o filho do carpinteiro?” (Mt 1,20 e 13,5). José cumpriu religiosamente seus deveres como operário, excelente carpinteiro, e na Família Sagrada, da qual era o chefe, obedecido (Lc 2,51). Fez jus ao merecido conceito, profundo, singular, evangélico: “José era um homem justo” (Mt 1,19).

Isto diz tudo! Esconde um universo de maravilhas na humildade do descendente de Davi, com o mesmo sangue nobre de Jesus e de Maria. Ela é proclamada Mãe de Deus, exaltada por Isabel na visitação (Lc 1,43) verdade definida no Concílio de Éfeso (ano 431), cujo título merecido é a fonte, a raiz dos privilégios singulares: a Imaculada Conceição, a Virgindade Perpétua, a Gloriosa Assunção, Mãe da Igreja e Medianeira de todas as graças que ainda não é dogma, e José teve o grande privilégio de ser o casto esposo da Virgem: “José seu esposo”. (Mt 1,16). O nascimento de Jesus é relatado por Mateus: “Ora, o nascimento de Jesus foi assim: Estando Maria, sua Mãe, desposada com José, antes de habitarem juntos, achou-se que tinha concebido pela virtude do Espírito Santo. José seu esposo, sendo justo e não querendo a expor à infâmia, resolveu desvincular-se dela secretamente. Mas, andando com esses pensamentos no seu íntimo, apareceu-lhe, em sonhos um anjo do Senhor, que lhe disse: ‘José, filho de Davi, não temas em receber contigo Maria, tua esposa. Pois o que nela se gerou é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo de seus pecados’”. (Mt 20,21). Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor tinha anunciado por meio do profeta: “Eis que a Virgem conceberá e dará a luz a um Filho, a quem será dado o nome de Emanuel, que quer dizer Deus conosco”. E José acreditou e recebeu Maria. Recebeu sua esposa, a qual, sem que a conhecesse, deu a luz a um filho ao qual pôs o nome de Jesus (Mt 1,18-25). Observa-se a coerência admirável do Evangelho, na Anunciação e revelação a São José, provando que a Virgem foi concebida pelo Espírito Santo, sempre Virgem.

E o Evangelho repete: estando Maria, sua Mãe, desposada com José (Mt 1,18) José, seu esposo, sendo justo (Mt 1,19) não temas em receber Maria, tua esposa (Mt 1,26). Recebeu Maria, sua esposa (Mt 1,25. Lucas sontoniza na Anunciação: “O Anjo Gabriel foi enviado por Deus, a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma Virgem que era desposada com um homem chamado José, da casa de Davi, e a Virgem chamava-se Maria”. (Lc 1,26-27). Nota-se que os evangelistas destacam o privilégio de São José de ser o esposo de Maria Virgem. E quando Ela pediu explicação ao anjo: “Como se realizará isto se eu não conheço homem”? (Lc 1,34). E isto significa: jamais conhecerei pelo voto de castidade, o Anjo respondeu: “Virá sobre ti o Espírito Santo, e a potência do Altíssimo te cobrirá, e por isso também o santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35).

Revela a gravidez da estéril e idosa Isabel no sexto mês, porque para Deus nada é impossível (Lc 1,36-37). Com seu “Fiat” Maria colaborou para a “Obra dos Séculos” na expressão de Paulo VI (Marialis Culto, 1974). José também acreditou e assumiu sua gloriosa missão paternal e de esposo protegendo o “Menino e sua Mãe” (Mt 2,14) imitou a virgindade perpétua de Maria que foi confirmada no Concílio Internacional Lateranense (680) e no Concílio Constantinopolitano (680) sob pena de anátema. Privilégio do qual José foi testemunha.

No Centenário da publicação da Carta Encíclica Quanquam Pluries de Leão XIII (15 de agosto de 1889) e imitando o seu exemplo de veneração a São José, João Paulo II nos brindou com uma Exortação Apostólica sobre São José, q quem Deus “confiou guarda de seus tesouros maus preciosos”. (Leão XIII).

Esta exortação de João Paulo é a última palavra e veio enriquecer sobre modo a vastíssima literatura sobre São José, o esposo da Virgem, e nos faz crescer na devoção a ele e no Amor Redentor, “que ele serviu de maneira exemplar”. O Papa diz que José praticou a puríssima “Obediência da Fé” (Rom 1,15): “Ele aceitou como verdade proveniente de Deus o que Ela (Maria) já tinha aceito na Anunciação”. E lembra que a entrega total do homem a Deus, em obséquio pleno da inteligência e da vontade, referidas na Const. Dogm. n° 5 “aplica-se perfeitamente a José de Nazaré”. A ele foi revelado o segredo, a concepção milagrosa da Virgem, pelo Espírito Santo e recebeu-a com o Filho que havia de vir ao mundo, demonstrando uma disponibilidade de vontade, semelhante à disponibilidade de Maria, em ordem àquilo que Deus lhe pedia. Cultuemos, louvemos, confiemos e rezemos a São José, que tudo pode no Coração de Jesus, como ensina Santa Teresa.