Conhecendo Deus através da Sagrada Escritura

Publicado por: Paróquia São Marcos

O mês da Bíblia surge devido principalmente à comemoração do dia de São Jerônimo, celebrado no dia 30 deste mês. Ele foi encarregado pelo Papa Damaso de preparar a Bíblia em latim, revendo traduções anteriores ou fazendo novas. Além de sua vida austera, coerente e santa é tido como um dos melhores Padres da Igreja e é colocado como “patrono dos biblistas”.

Ao comemorarmos o Dia da Bíblia, devemos fazer o nosso exame de consciência e os propósitos com relação não só à leitura, mas, principalmente, em colocarmos em prática a Palavra do Senhor, guiados pelo Espírito de Deus.

Passado e presente muito unidos na Igreja! Preocupações de ontem e de hoje continuam dando lugar central à Palavra de Deus na vida e na missão de todos nós! Aproveitemos este mês para nos aprofundar no amor pela Sagrada Escritura e situar a centralidade da Palavra de Deus em nossas vidas, seja pela reflexão e estudo seja pelas celebrações.

Uma riqueza a ser aproveitada neste mês dedicado a bíblia seria ler o texto intitulado “Livro muito traduzido mas pouco lido” da XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que foi convocada pelo Papa Bento XVI após o Sínodo sobre a Eucaristia em outubro de 2005. O tema foi escolhido de maneira colegial após ampla consulta ao mundo inteiro e o foi tornado público pelo Papa Bento XVI aos 6 de outubro de 2006. A equipe central do Sínodo encarregou especialistas de elaborar um texto que foi enviado a todas as instâncias da igreja presentes no mundo inteiro, acompanhado de um pormenorizado questionário relativo aos assuntos abordados em cada capítulo. Depois dessa ampla consulta, um novo texto foi elaborado e este servirá como instrumento de trabalho do Sínodo que se reunirá em Roma entre os dias 5 a 26 de outubro de 2008.

“Livro muito traduzido, mas pouco lido”

Por uma feliz iniciativa, o papa Bento XVI convoca para os dias 5 a 26 de outubro de 2008 o Sínodo dos Bispos com o tema “A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja”. É um argumento importante porque diz respeito a toda a vida eclesiástica, porque a Igreja é continuamente chamada e gerada na palavra de Deus. É portanto de extrema valia perguntar-se como a próxima assembléia sinodal pretende tratar um tema vital para a Igreja e para a sua missão no mundo contemporâneo?

A resposta encontra-se no Instrumentum laboris que hoje apresentamos. É o verdadeiro documento de trabalho. A sua publicação insere-se na metodologia que na Igreja católica está relacionada com o Sínodo dos Bispos: instituição que demonstrou ser um instrumento válido para reforçar o afeto colegial no seio do corpo episcopal, ou seja, entre os bispos e entre eles e o Papa que preside ao Sínodo. Nos 43 anos de vida o Sínodo deu preciosas contribuições Igreja universal ao enfrentar temas de grande atualidade para a sua missão de evangelização e de promoção humana.

Para compreender quanto é preciso fazer neste campo, é suficiente recordar que a Bíblia foi traduzida em 2.454 línguas enquanto que no mundo existem quase 6.700 línguas, das quais 3.000 são consideradas principais. A Bíblia é o livro mais traduzido e difundido no mundo. Infelizmente não é muito lido. De acordo com pesquisas recentes apenas 38% dos italianos praticantes teria lido um trecho bíblico nos últimos doze meses. A percentagem desce para 27% se tem em consideração a população italiana adulta. Mais de 50% considera a Sagrada Escritura difícil de entender seja em Itália como em outros países analisados nesta pesquisa. Resumindo, hoje mais que nunca, é necessário e urgente difundir, sobretudo na Igreja, o conhecimento da Bíblia..

Em primeiro lugar por que o Sínodo?

Contribuíram para a escolha do tema primeiro o antigo desejo de levar a reflexão sinodal a concentrar-se sobre a Palavra de Deus e, agora o Sínodo recém terminado, sobre a Eucaristia fonte e cume da vida e da missão da Igreja, que aprofundou o significado da única mesa do Pão e da Palavra mostrando a estreita relação entre Eucaristia e Palavra de Deus. Assim a razão profunda e, ao mesmo tempo, o fim primário do Sínodo é encontrar em plenitude a Palavra de Deus no Senhor Jesus, presente na Escritura e na Eucaristia.

O que este Sínodo pretende?

“O Sínodo pretende favorecer uma total redescoberta da maravilha da Palavra de Deus, que é viva, afiada e eficaz, no próprio coração da Igreja, na sua liturgia e na oração, na evangelização e na catequese, na exegese e na teologia, na vida pessoal e comunitária, bem como nas culturas dos homens, purificadas e enriquecidas pelo Evangelho. Deixando-se despertar pela Palavra de Deus, os cristãos serão capazes de responder a quantos lhes pedirem a razão da sua esperança (cf. 1Pe 3,15), amando o próximo não “por palavras e com a língua, mas por obras e em verdade” (1Jo 3,18).” E ainda “que a redescoberta da Palavra de Deus ilumine cada vez melhor o caminho do homem na Igreja e na sociedade durante o percurso, não poucas vezes tortuoso, da história, enquanto com confiança se esperam “novos céus e uma nova terra, onde habitará a justiça” (2Pe 3, 13)”.

O que o Sínodo deseja alcançar?

“Concretamente, o Sínodo propõe-se, entre os seus objetivos, contribuir para esclarecer certos aspectos fundamentais da verdade sobre a Revelação, tais como a Palavra de Deus, a Tradição, a Bíblia, o Magistério, que justificam e asseguram um válido e eficaz caminho de fé; acender a estima e o amor profundo pela Sagrada Escritura, fazendo com que “os fiéis tenham amplo acesso” a ela; renovar a escuta da Palavra de Deus, no momento litúrgico e catequético, nomeadamente com o exercício da Lectio Divina, devidamente adaptada às várias circunstâncias; oferecer ao mundo dos pobres uma Palavra de consolação e de esperança.”

Quais os desafios que o nosso tempo apresenta?

São graves os fenômenos de ignorância e incerteza acerca da própria doutrina da Revelação e da Palavra de Deus; ainda é grande a distância que muitos cristãos têm em relação à Bíblia, e é constante o risco de um uso não correto da mesma; sem a verdade da Palavra, torna-se insidioso o relativismo do pensamento e da vida.Tornou-se urgente a necessidade de conhecer integralmente a fé da Igreja sobre a Palavra de Deus, de alargar com métodos adequados o encontro com a Sagrada Escritura, por parte de todos os cristãos e, ao mesmo tempo, acolher os novos caminhos que o Espírito hoje sugere, para que a Palavra de Deus, nas suas várias manifestações, seja conhecida, ouvida, amada, aprofundada e vivida na Igreja, e assim se torne Palavra de verdade e de amor para todos os homens.