Breve Biografia de Pe. Francisco Spoto II

Publicado por: Paróquia São Marcos

“Senhor, toma a minha vida, mas salva o dos meus Coirmãos”.

Esta oferta quasi in limine mortis de Padre Francisco Spoto é o epílogo da sua vida toda entregue na sequela Christi até à cruz. Tendo sido contagiado desde quando jovenzinho pelo testemunho de amor do Padre Giácomo Cusmano (1834-1888) por Deus e pelos Pobres, quis experimentá-la pessoalmente como resposta ao amor de Cristo. Foi este modo particular de amor, aquele do “grão de trigo que deve morrer” (Jo 12,24) que o conduziu àquele fogo do amor fraterno que o consumiu sobre o altar do martírio.

O Servo de Deus Padre Francisco Spoto, nascido em Raffadali (Agrigento) aos 08 de julho de 1924, entrou na Congregação dos Missionários Servos dos Pobres no ano de 1936. Distinguiu-se logo pelo rendimento, seriedade e comportamento exemplar. Foi ordenado sacerdote aos 22 de julho de 1951. Era tão estimado que os seus coirmãos quiseram elegê-lo Superior Geral com apenas 35 anos. Com esta tarefa, de 1959 a 1964, trabalhou assiduamente pela Congregação, dedicando-se ao cuidado das vocações, à formação e ao apostolado cusmaniano.

No dia 04 de agosto de 1964 partiu para o Congo em visita canônica à primeira missão bocconista, Biringi, sabendo porém que estava indo ao encontro de uma situação extremamente perigosa, dado o conflito que estava em curso, a fim de estar junto dos próprios coirmãos.

Desde o início de setembro viveu uma situação de incômodos, de temores, de stress, de angústias, de preocupações, de perigos, de fome, de privações e padecimentos, até ao funesto espancamento ocorrido por volta das 20 horas do dia 11 de dezembro, que foi a causa da morte que sobreveio depois de alguns dias em Rungu (Erira) aos 27 de dezembro de 1964, na cabana de um generoso fiel congolês, Agatone, que o havia acolhido junto com os três Missionários.

O mártir não procura a morte e faz de tudo para evitá-la, mas se deve passar por ela sem fugir- fruto das provocações do perseguidor - , então a aceita e oferece o sacrifício supremo de si, a suporta pacientemente por amor a Deus, como testemunho da própria fidelidade a Cristo. O fim que teve o Padre Francisco Spoto, sétimo sucessor do Beato Giácomo Cusmano, confirma tudo isso. De fato, ele não buscou a morte, mas estando diante de sua aterradora presença, a aceitou. Agiu com uma digna e cristã resignação por amor a Cristo, oferecendo a própria vida também em troca daquela dos seus três Coirmãos, como profeticamente havia confiado alguns dias antes: “O Senhor deverá contentar-se com três cálices cheios de amargura, mas apenas um de sangue”.

Foi portanto um martírio, infligido-lhe in odium fidei pelos revolucionários ateus congoleses, que espreitavam a ele e aos outros religiosos da Missão de Biringi. Não obstante as dores atrozes, ele enfrentou os últimos dias do evento supremo com ânimo cristão, e nos confrontos com os algozes, várias vezes – mesmo que lacrimosamente, pois quase não podia falar – exprimiu o mais completo perdão.

A oferta suprema do servo de Deus não foi em vão e o seu sangue inocente irrigou os torrões daquele pedaço de terra da África, em cujo seio cresceram e desenvolveram frutos copiosos. De fato, depois da morte de Pe. Spoto, a Congregação dos Missionários Servos dos Pobres tem no Congo cerca de 50 religiosos em cinco comunidades. Verdadeiramente o sangue dos Mártires é semente de novos cristãos!

O Servo de Deus se consumiu como lenha seca no caminho, para iluminar a quem não era ainda iluminado por Cristo. Na sua vida terrena, terminada aos 40 anos, uniu a mansidão à fortaleza, a paciência à afabilidade, a coerência à compreensão, a cultura à simplicidade. Caminhou ao encontro da morte confiando-se ao mistério insondável e adorável da vontade de Deus, com o espírito da obediência filial de Jesus vivida até à morte de cruz (Fl 2,8).

Enterrados em Biringi, os seus veneráveis despojos foram transladados para Palermo, na Itália, em 1984 e sepultados em 1987 na Paróquia “Coração Eucarístico de Jesus”, na via Corso Calatafimi, 327.

como a sua fama, com o passar dos anos crescia sempre mais, aos 16 de dezembro de 1992, em Palermo, deu-se início ao Processo diocesano de Beatificação.

Aprovada pela Santa Sé a validade jurídica dos Atos e redigida a Positio, em seguida aos votos favoráveis emitidos pelos Consultores teológicos e pelos Cardeais e Bispos, o Santo Padre Bento XVI autorizou em 26 de junho de 2006 a promulgação do Decreto referente ao martírio de Padre Francisco Spoto que no dia 21 de Abril de 2007 será incluído entre os Beatos.