Breve biografia de Padre Francisco Spoto

Publicado por: Paróquia São Marcos

Seminarista e Sacerdote



Padre Spoto, primeiro entre três irmãos, nasceu aos 08 de julho de 1924 em Raffadali, pequeno vilarejo da região de Agrigento. Teve a fortuna de possuir ótimos genitores os quais, com a vida, lhe transmitiram a riqueza da fé, a retidão moral e um extraordinário senso de responsabilidade.

Em outubro de 1936 entrou no seminário dos Servos dos Pobres, em Palermo. Demonstrou verdadeira paixão pelos estudos e pelo seu progresso espiritual seja no seminário do Bocado do Pobre (nome pelo qual a congregação dos Missionários Servos dos pobres é conhecido na Itália) seja no Seminário Arquiepiscopal de Palermo, onde foram apreciados por seus professores e colegas os seus grandes dotes humanos e intelectuais. Além das disciplinas escolares, buscava instruir-se também em tudo aquilo que pudesse ser útil para a sua formação sacerdotal. Sendo assim, estudou tão profundamente as linguas alemã e francesa, que delas tornou-se professor.

Aos 22 de julho de 1951, no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios em Palermo, é ordenado sacerdote pelo Cardeal Ernesto Ruffini. Alguns dias antes tinha escrito a um seu primo sacerdote: “...Um sentimento de trepidação me invade o ânimo refletindo a grave responsabilidade da qual deverei ser revestido...”.

Voltará frequentemente sobre esta “grave responsabilidade” que o acompanhará sempre na vida de Servo dos Pobres, de Superior Geral e na vida apostólica, até a morte trágica na República Democrática do Congo.

Padre Spoto serviu com verdadeiro amor a sua Congregação em cada campo no qual o chamava a obediência seja como súdito e depois como superior geral. Servirá a diocese de Palermo prestando-se generosamente àqueles serviços pastorais aos quais o chamará o Arcebispo.

Foi professor nas escolas “bocconistas”, sempre amado pelos discípulos que dele recordam a profunda preparação mas sobretudo a clareza e a capacidade de síntese.

Viveu todos os seus “Sim” com sorriso nos lábios e alegria no coração, plenamente conscien te que Deus ama quem dá com alegria.

Em 1962, dois anos antes de morrer, escrevia: “O sacerdócio deve ser a única paixão da vida, o único ideal ao qual consagrar toda a própria existência”. Aos jovens ensinava o dinamismo da santidade. A um jovem estudante de teologia escreverá: “A santidade é dinamismo, e é sobretudo para os jovens”.



Superior Geral aos 35 anos



No Capítulo geral de 1959, não obstante a jovem idade, tinha apenas 35 anos, era tal a estima da qual era circundado, que os coirmãos o elegeram superior geral com a dispensa da Santa Sé.

Escreverá à mãe alguns dias depois de ter chegado a dispensa da Santa Sé: “Esta eleição foi uma surpresa para mim...Precisa resignar-se à vontade de deus...Confio no Senhor que não me deixará faltar jamais nem a saúde nem a prudência e a sabedoria no agir. As minhas fraquezas reparará Ele, que é onipotente”.

Se dedicou sem reservas à nova responsabilidade.

Levou a termo o processo de aprovação das Constituições da parte da Santa Sé e durante o seu mandato e, graças ao seu incansável interesse, é introduzida a Causa de Beatificação de Pe. Giácomo Cusmano junto à Congregação para a Causa dos Santos.

No ano de 1961 foi dado início em Biringi, na República Democrática do Congo, à primeira Missão dos Servos dos Pobres e em Roma se completou a realização do “Colégio Cusmano”, para onde transferiu o noviciado e o estudantado teológico. Com ele também se abriu a casa de Vallelunga (CL) e o Centro da Pontifícia Obra Assistencial a Velletri (Roma).



“Senhor, toma a minha vida, mas salva a vida dos Coirmãos”



No dia 04 de agosto de 1964 chega a Biringi na missão aberta dois anos antes. É difícil estabelecer a verdadeira razão desta viagem. Padre Spoto, quando percebia no seu íntimo um dever a se cumprido, não conseguia parar nem alguém conseguia desencorajá-lo. Terá, talvez, tido algum pressentimento porquê disse ao irmão: “Se por acaso eu não retornar, cuida da mamãe”. Pouco tempo antes de partir organizou juridicamente a sua propriedade em Raffadali.

Foi surpreendido na República Democrática do Congo pela revolução dos “simba”, com morticínios, guerrílhas e com missões devastadas.

Em uma carta de 20 de setembro de 1964 escrevia: “Espero estar aí no natal, mas as previsões não são tão confortadoras. Eu gostaria de ir agora para livrar-me destes sofrimentos físicos e morais e sobretudo para estar próximo da minha mãe...mas o dever me prende aqui”.

O alto senso do dever o leva para além de todo sentimento, mesmo o mais sagrado. Escreverá ainda: “Entre as tantas soluções prefiro ficar aqui e sacrificar a mim mesmo, separando-me para sempre da minha mãe, confiante de que o Crucifixo curará esta ferida” e continua: “Se fico aqui, não é por capricho ou por desinteresse, mas somente por um alto senso do dever, somente pelo interesse e pelo amor à Congregação, que está prevalecendo até sobre o afeto da minha mãe”. Primeiro Deus e depois todo o resto.

Os muitos e dramáticos acontecimentos daquele período que o levaram á morte chegaram a nós através do “Diário” que ele mesmo escreveu com um lápis sobre algumas folhas de papel. Uma verdadeira “Via Crucis” durante a qual a vítima se prepara ao supremo holocausto, oferecendo-se generosamente pelos irmãos.

No dia 03 de dezembro os nossos quatro missionários foram capturados, e padre Spoto conseguiu escapar, a pés descalços, vestido apenas com uma malha de verão. Exausto e sem forças por ter vagado todo o dia em meio ao denso matagal, sob uma chuva torrencial, acompanhada por trovões e relâmpagos, sem comida, sem conhecer nem o lugar nem a língua, atravessando uma verdadeira o própria barreira de estepes e espinhos, se ajoelhou e fez a expontânea e voluntária oferta de si mesmo dizendo: “Senhor, te ofereço a minha vida, mas salva os meus coirmãos”. No dia 27 de dezembro de 1964, com apenas 40 anos, depois de muitos padecimentos, fugas e tormentos causados pelos “simba”, morrerá em uma distante cabana de Biringi, em Rungu-Erira.

Padre Spoto morre e os três coirmãos, dentro em breve, misteriosamente se salvam.

Escreveu o Santo Padre Bento XVI na sua primeira Encíclica Deus caritas est: “À vida dos santos não pertence apenas a sua biografia terrena, mas também o seu viver e operar em Deus depois da morte. Nos santos se torna óbvio: quem caminha para Deus não se afasta dos homens, mas se torna ao invés verdadeiramente próximo destes” (n. 42).