Ano Paulino

Publicado por: Paróquia São Marcos

O Santo Padre, Bento XVI com muito acerto decretou o “Ano Paulino” para que nós, passados 2000 anos do grande Apóstolo, rememorássemos sua extraordinária vida. Concedeu indulgência plenária a quem, com as condições do costume visitasse a Basílica de São Paulo, construída fora dos muros.

Solenemente foi aberto o “Ano Paulino” em Roma. Igualmente a Igreja do Brasil repetiu a solenidade na Basílica de Nossa Senhora da Conceição Aparecida com uma Missa oficializada perante a multidão de devotos e a homilia do Cardeal dom Odílio Sherer.

É admirável um grande apóstolo, do terrível e implacável perseguidor dos cristãos. Não perdoou nem mesmo seu primo Estevão, somente porque ele abraçou a nova religião cristã e foi ordenado diácono e, ardorosamente propagava a Religião Cristã, inclusive perante o Supremo Conselho onde apostrofou a hipocrisia farisaica.

“Ó homens de coração de pedra e de ouvidos moucos, quereis imitar vossos pais na teimosia? Eles assassinaram os profetas e vós crucificastes o Messias”.

Saulo, indignado lhe dá ordens de prisão e o conduz diante do Conselho. Vota-lhe a morte e encoraja os carrascos a apedrejá-lo. Não toca nas pedras, mas incita os algozes e segura suas vestes.

A morte de Estevão inflamou mais o furor de Saulo contra os cristãos e muitos deles abandonaram Antioquia, implantando o cristianismo nas Galias.

Saulo chefiava ferozmente os perseguidores, entrava nas casas com guardas, exigia que apostassem, ameaçando de morte os discípulos de Cisto.

Saulo resolve saciar o seu ódio expandindo a perseguição até Damasco e lá vai com licença dos Sacerdotes do Templo e acompanhado de soldados, insensíveis ao sol e ao calor, planejando o ataque à Antioquia, à Cilícia e Ásia Menor.

Mas Deus pode mais e defende a sua verdadeira Igreja: do céu rompe um clarão deslumbrante, cegante. Saulo, como fulminado por um raio, tomba no caminho. Os soldados estacam petrificados e no silêncio daquela natureza causticada, ressoa uma voz misteriosa, gemedora, torturante como a de um pai apunhalado pelo filho ingrato: “Saulo, Saulo, por que Me persegues?” O jovem atordoado, estendido no solo levanta o olhar. Vio, ali perto, a figura de um homem, as faces acesas, os olhos brilhantes, fuzilando como faróis. As mãos e os pés manchados de sangue e, no peito uma ferida. Saulo está profundamente apavorado e não tem dúvidas: o clarão fora iluminado por aquele homem misterioso. Igualmente o tombo. Fantástico, espantoso, um milagre. Só um milagre. Que mistério seria aquele, meu Deus! Ele pergunta: “Quem sois, Senhor? Pergunta e a resposta ressoa calma, assustadora, surpreendente”.

“Eu sou aquele Jesus que tu persegues. É duro para ti recalcitrar contra o aguilhão”. Palavras candentes a cortar-lhe a alma, deixando-o prostrado em profunda humilhação, vencido, literalmente vencido. E ele pergunta voluntarioso submisso como um cordeiro: “Senhor, que queres que eu faça?”

- “Levanta-te, entra na cidade e ali saberás”. Saulo tateia. Está cego. Saulo estende-lhes as mãos e murmura de olhos abertos: “Estou cego, levem-me à cidade!” Tomaram-no pela mão, conduziram-no a Damasco. Pede que o levem à casa de um certo Judas à Rua Direita. Enquanto isso, Ananias recebe o aviso do Céu para que procure Saulo. Ananias hesita, com medo daquele perseguidor. E o Senhor: “Vai, porque ele é para Mim um vaso de Efeição, que levará o Meu nome aos gentios, aos reis e aos filhos de Israel. Mostra-lhe-ei quanto lhe cumpre sofrer por Meu nome.

Saulo, o terrível leão de Judá, já há três dias sem comer, sem beber e sem dormir. Já sem forças, derrotado, cego, prostra-se-lhe aos pés. O Santo varão ergue os olhos para o Céu, estende as mãos e o milagre se realiza. O cego sente que dos olhos lhe caem um espécie de escamas. E recupera a vista.

O perseguidor dos cristãos transforma-se em apóstolo de Cristo, colocando todo o fulgor da sua inteligência, o manancial de sua cultura e o fogo do seu zelo a serviço da causa que tão ferozmente combatera. É batizado, recebe o Espírito Santo e imediatamente principia a reparação com a pregação escrevendo páginas de fé e heroísmo assombrando os séculos. Todos comentam a transformação e se admiram diante da convincente e estarrecedora pregação competente do cristianismo, cuja religião avança triunfante.

Importante observar que Saulo tinha cerca de 37 anos, solteiro de ilibada castidade. Revoluciona Damasco. Todos querem ouvi-lo, as conversões se multiplicam extraordinariamente. Ninguém consegue abafar os argumentos de Saulo, então partem para a violência, procuram prendê-lo. Ele ruma para Jerusalém e Antioquia, procura Pedro com o qual mantém muitas conferências. Ambos se tornam amigos e Pedro ordena-o Sacerdote. Saulo tem de certo, um encontro com a Santíssima Virgem. “O Anjo tutelar da Igreja nascente”. Em seguida, abrasado de ardor percorre as Sinagogas pregando e discutindo de modo assombroso. Pasmam todos diante de sua doutrina extraordinária dialética cristã.

Na Antioquia edificou a todos, juntamente com Barnabé. Saulo é sagrado bispo e juntamente com Barnabé e Marcos partem para evangelizar Chipre no Mediterrâneo, escrevendo uma página de heroísmo e martírio. São Paulo na segunda Epístola aos coríntios descreve os incríveis sofrimentos: 3 vezes naufraguei, uma noite e um dia estive no profundo do mar, muitas vezes me vi em perigos de rios, de ladrões, em perigo da minha Nação, em perigo de falsos irmãos, no trabalho e na fadiga, nas vigílias, na fome, na sede, nos jejuns, no frio, na nudez.

Para abreviar, pedimos ao leitor que leia na Bíblia as Epístolas de São Paulo que são um luzeiro, sempre atual, inspirado pelo Espírito Santo.

E em Corinto, onde Paulo inaugura novo apostolado – o da pena – Apostolado do fecundo e duradouro, do qual todas as gerações auferirão luzes e ensinamentos.

As cartas do Apóstolo das Gentes são uma enciclopédia. Abrangem quase toda a doutrina católica. Um monumento.

Na possibilidade de visitar com freqüência as comunidades cristãs recém fundadas, dirige-lhes conselhos de pai, ditando salutares ensinamentos, orientando e consolando os fiéis.

As duas principais cartas foram escritas aos Tessalonicenses. Com palavras de afeto, louva-lhes a conduta e o ardor. Anima-os na prática da castidade, da caridade, do temor de Deus. Que sejam vigilantes contra os vícios. Toca no fim do mundo. Por isso, há leitores que se alarmam. Vem, então a segunda Epístola para acalmá-los: “O dia do Senhor não virá cedo...”

Escreve, depois aos Gálatas, usando palavras enérgicas e violentas contra judeus cristãos que pregavam ainda a circuncisão. Alega com veemência que as colunas da Igreja, Pedro, Tiago e João, “reconheceram em Jerusalém a graça da minha vocação ao apostolado”.